Currículo de Mitologia
Mitologia Pessoal - “Luz Andarilha” - nome que depois foi se atualizando (se retraduzindo) / aprimorando / expandindo pra Caminhante Leve do Arco Íris...
LUZ ANDARILHA DO ARCO ÍRIS
- Antes, o que (para mim), quer dizer Mitologia:
Mitos são mecanismos comuns de comunicação humana, essenciais e poderosos, que podem ser utilizados sempre que crenças ou valores profundos são expressos. Os mitos são construídos a partir dos acontecimentos históricos, mas raramente (se alguma vez) são literalmente verdadeiros - mas esta não é a questão. O ponto principal é que a história tem a capacidade de comunicar poderosamente um valor central.
Mitologia pessoal é uma forma de descrever a construção em desenvolvimento da realidade interior, enfatizando a noção de que todas as elaborações humanas da realidade são mitologias. Viver segundo um padrão mítico significa tornar-se consciente das origens pessoais e coletivas; consiste em buscar orientação em sonhos, imaginação, e outras reflexões do ser interior, bem como em pessoas, nas práticas e instituições mais inspiradoras da sociedade. Viver miticamente é também cultivar uma relação cada vez mais profunda com o universo e seus grandes mistérios."
Os mitos – pessoais ou organizacionais – fornecem uma interpretação para o passado, compreensão para o presente e orientação para o futuro. Não importa o ponto de partida escolhido ou a questão enfocada num determinado momento: a mitologia funciona como o princípio holográfico, no qual cada parte contém informação sobre todas as demais partes. Assim, de alguma maneira fundamental, trabalhar num determinado aspecto engloba todo o sistema mítico, e provoca repercussões em diversas outras áreas.
[autores: Feinstein, David e Krippner, Stanley – Mitologia Pessoal;e Owen, Harrison – Facilitating Organizational Transformation: The Uses of Myth and Ritual, em John Adams (ed), Transforming Work.]
- (uma parte da) História da Luz Andarilha
Quando me engajei neste trabalho sob a orientação de Stanley Krippner, eu ainda era professora universitária, com algumas incursões em consultoria e facilitação de grupos de desenvolvimento da criatividade. Já havia tomado contato com outros sistemas de "explicação" (outras lógicas) do que é a realidade, além do modelo científico. Conhecer o conceito de "mitologia" como descrito acima me abriu a possibilidade de entender que cada forma de explicação tinha seus campos de validade, e que todas eram verdadeiras naqueles domínios. Que maravilha! A partir do reconhecimento do aspecto da realidade com o qual eu estava me deparando, isto facilitava o encontro da orientação que eu precisava para poder tomar decisões e estabelecer prioridades, pois cada sistema tem seu conjunto de premissas, expectativas e normas fundamentais, bem como as melhores instruções para acessar soluções. O mesmo acontecia nas empresas e instituições, percebi depois.
No programa proposto por Feinstein e Krippner as formas de trabalho são: rituais pessoais (atos simbólicos que celebram, reverenciam ou comemoram um evento ou processo, promovendo a religação com aspectos sagrados ou divinos); diário pessoal (instrumento de ajuda no trabalho com a vida interior e no descobrimento de significados mais profundos das experiências); jornadas de imaginação conduzida (partes funcionais de vários rituais); ritmo (função da disponibilidade individual/grupal e do tempo para cumprir as tarefas); atitude contra a resistência à mudança (que é natural e consiste numa forma de manter o equilíbrio); trabalho com sonhos e/ou sincronicidades (registro e interpretação, como ajuda para elucidar questões específicas).
Perscrutar a própria mitologia pessoal leva ao conhecimento dos vários 'scripts'/ mitos que existem interiormente e que, no mais das vezes, são os responsáveis inconscientes por tomadas de decisão e estabelecimento de prioridades. Conhecer estes fundamentos, trazê-los para a consciência, transmutá-los e poder usufruir dos aprendizados e das partes funcionais dos mesmos é uma aventura e tanto! Algo que vale a pena para almas que não são pequenas...
As etapas sugeridas para esta investigação - que já foram extensamente testadas e adequadas para o 'mundo de hoje' – são:
1) reconhecendo que um mito guia já não é mais um aliado;
Na 'minha' mitologia, das várias maneiras didáticas de estabelecer o contato com este "mito obsoleto", a que vale contar aqui é a transformação duma percepção abstrata (de 'quem/ o que' este mito é) num personagem: denominei de 'professor-sabe-tudo' ao tipo, a imaginação de quem lê reconhece o dito cujo...
2) trazendo em foco as raízes do conflito mítico;
No mesmo processo de dramatização e transformação, o "contramito" – aquele que se forma para atualizar o mito obsoleto de forma inconsciente (e portanto idealista, sem pé na realidade, e que entra em conflito com ele) –, apareceu como outro personagem, a 'hippie', também fácil de imaginar.
3) concebendo uma visão mítica unificadora;
Percorrendo as diversas etapas para lidar com este conhecimento 'interno' (sob a orientação e acompanhamento do Krippner), enriquecendo o programa proposto no livro com a utilização de instrumentos criativos para amplificação da sabedoria interior (oráculos), estudos e confrontos interiores, surgiu o "mito novo" – aquele que traz o contexto adequado e conscientemente atualizado de 'script' para comportamentos, escolhas e tomadas de decisão adequados ao estilo, idade e fase da vida do indivíduo (ou da organização). No meu caso, não mais um personagem mas como um conceito básico, apareceu o 'WALKING LIGHT' (realizei este trabalho – pós-doutorado – nos Estados Unidos), que no inglês tupiniquim (uma integração!) continha os elementos de 'caminhar leve, na luz', e que tempos depois um amigo 'traduziu' por luz andarilha (L A).
4) da visão ao engajamento;
As partes funcionais do 'professor-sabe-tudo', imersas no L A, são as que facilitam – durante o trabalho com um 'outro' (cliente ou organização) – o encontro deste com sua própria sabedoria, por conhecer os meandros do campo intelectual /racional.
Na complementação, as partes funcionais da 'hippie' integradas ao L A são as que abrem oportunidades de conexão e refinamento das realidades mais abstratas e criativas do 'ser humano', e que se manifestam nas inteligências emocional, relacional e espiritual.
A reconciliação entre os personagens gera um salto qualitativo - representado pelo L A - que traz características novas e apoiativas, centradas em valores significativos e de consistência mais vital, por serem conectadas com a realidade 'real' - a do conhecimento, utilização e confiança nos talentos pessoais (e organizacionais), de forma apreciativa e em direção à Vida Extraordinária. No meu caso, a força (que o 'conhecimento' representado pelo mito novo) trouxe me fez perceber que eu precisava mudar de rumo se quisesse usufruir de meus potenciais profissionais e pessoais, e melhor colocá-los a serviço. Na época, ao final do pós-doutorado no Saybrook, saí da universidade em que trabalhava e comecei a carreira de 'autônoma', que considero um sucesso de várias maneiras, principalmente em termos de qualidade de vida.
5) entretecendo a mitologia renovada na vida diária.
Fazer a transição entre o padrão de 'empregada' e o de autônoma / líder da minha própria vida foi um treinamento que hoje também é ferramenta pra facilitar os trânsitos de clientes em momentos de mudança. Conheço o 'caminho das pedras', além de outras trilhas que minha alma aventureira vive explorando, e também aprendizados auferidos dos 'relatos de viagens' de outros parceiros e clientes.
O conceito de 'ecologia interior' apareceu aí, pois cuidar da sustentabilidade deste 'novo' modo de ser e existir no mundo precisa de manutenção e respeito contínuos. O processo não para nunca, pois é uma 'construção em desenvolvimento', que nutre a habilidade de evoluir e aprender contínua e conscientemente.
Rumo à Realização Humana....
Olá Elaine!
Sou Luiz Fernando, graduando em artes visuais, residente na cidade de Juazeiro do Norte - CE.
Estou atualmente tentando desenvolver este assunto da mitologia pessoal na pesquisa em Artes. Tive acesso a este universo por indicação do meu orientador. Nas buscas, vi o vídeo de sua entrevista, que me despertou um grande norte. O interesse pelo assunto me fez adquirir o livro "Mitologia pessoal: A psicologia Evolutiva do Self", que ofereceu mais segurança para a imersão na pesquisa. Gostaria de saber se você tem artigos publicados onde eu possa ter acesso. Para ver como posso me aprofundar mais ainda no tema como pesquisa. Aguardo um retorno. Desde já agradeço, e parabenizo pelo trabalho.